Em 27 de março, a Novo Encanto (NE) celebrou 25 anos de vida de um reflorestamento com aproximadamente 12 mil m² em Joaquim Egídio, distrito rural de Campinas, em São Paulo.
Nesse ¼ de século, enquanto esse terreno (que era constituído quase que 100% de pasto, terra compactada e vegetação de vassourinha em 1992) transformava-se em uma frondosa floresta, a Região Metropolitana de Campinas perdia 17,1% de sua área de Mata Atlântica, segundo levantamento realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica no período de 2004 a 2014.
Da área que era originalmente coberta por Mata Atlântica, segundo o mesmo estudo, o município conta apenas com 3,32% de mata remanescente, ou seja, dos 324 mil hectares que estavam, originariamente, cobertos pelo bioma Mata Atlântica, que é o mais ameaçado do país, restaram apenas 10,7 mil hectares em Campinas.
Essa vegetação remanescente está distribuída em fragmentos como a Área de Proteção Ambiental (APA) de Sousas e Joaquim Egídio (onde fica o reflorestamento do núcleo Alto das Cordilheiras), junto aos demais ecossistemas a ela associados.
“Embora a área do terreno ainda seja pequena, podemos afirmar que o reflorestamento feito pela Novo Encanto vem auxiliando no aumento da área de vegetação em Campinas”, afirma o geógrafo Julien Thevenin, monitor da Novo Encanto em Ilhéus (BA).
Trabalho em União
A Novo Encanto esteve presente nesse grande trabalho feito em Joaquim Egídio desde 1992, quando o terreno era quase totalmente desmatado.
“Houve um movimento em busca de informações que guiassem práticas de plantio agroecológicas”, conta Péricles Lima, monitor que acompanhou o início do reflorestamento no local. O uso de adubo orgânico e o manejo de plantas conforme necessidades da floresta e do plantio são exemplos, conforme conta Péricles. “Hoje, uma equipe de 12 pessoas vem realizando o manejo das plantas existentes para manter a floresta, que está se expandindo, segundo esses fundamentos da agroecologia”, explica.
A monitoria da Novo Encanto continua auxiliando de perto esse trabalho, com a aplicação de técnicas de manejo florestal, de análise e melhoria do solo da floresta e a doação de sementes, por exemplo.
Além disso, conforme explica Edmilson Rui, um dos auxiliares da monitoria da NE, também foi feito um trabalho com espécies nativas de abelhas sem ferrão para aumentar a biodiversidade local. Na ocasião, a monitoria realizou uma oficina aberta a outros núcleos da região e disponibilizou, gratuitamente, um Manual de Criação de Abelhas Jataí (veja outras informações nas páginas 16 e 17 da segunda edição do Boletim Informativo Sentinela da Floresta
“Essas práticas têm uma amplitude para além dos limites das propriedades dos núcleos”, avalia Julien. Em sentido contrário ao desmatamento, essa consciência ecológica que permite a recuperação e a conservação de florestas, nos núcleos da UDV, está ligada à espiritualidade de seus sócios. Conforme compreende Julien: “São questões maiores ligadas ao sagrado na Natureza”.
É nesse sentido que, à contramão de atividades exploratórias, a Novo Encanto vem desenvolvendo projetos e parcerias que promovem, dentre os princípios que orientam sua atuação, “uma transformação profunda de nossa relação com o planeta Terra”, conforme apresenta a Carta de Princípios da Organização.
De acordo com Teodoro Irigaray, Presidente da Novo Encanto e PhD em Direito Ambiental, essa experiência exitosa em Campinas se reproduziu também em outras regiões do Brasil: A “Novo Encanto planeja um levantamento e quantificação da área reflorestada em todos os biomas brasileiros, visando demonstrar que uma visão espiritualizada da natureza é necessária para mudar o modelo de exploração predatória que quase destruiu a Mata Atlântica e coloca em risco o Cerrado e a Floresta Amazônica em nossa país”, conclui.
Para saber a respeito da tese de Julien Thevenin, acesse o link https://issuu.com/acireitoria/docs/ju331 e veja a reportagem “Fé Amiga da Mata”, na página 6 da edição de abril do Jornal da UNESP
Texto: Vinícius Maurício de Lima
Imagem: Google Earth e Arquivo de Imagens do Núcleo Alto das Cordilheiras
Saiba mais: a vegetação nativa remanescente no Município de Campinas é constituída por Cerrado, mata semidecídua e de transição de Mata Atlântica e pequenos trechos de vegetação rupícula. Para leitores que queiram se aprofundar com respeito à importância e riqueza deste fragmento de Cerrado e floresta semidescídua da região, um artigo e uma tese como indicações de leitura.