Seringal Novo Encanto
Seringal Novo Encanto, a origem da Associação
Localizado no município de Lábrea, na fronteira dos estados do Amazonas e Acre, o Seringal Novo Encanto é a origem da Associação Novo Encanto de Desenvolvimento Ecológico.
A Associação Novo Encanto de Desenvolvimento Ecológico foi fundada com o objetivo de preservar o Seringal Novo Encanto, uma área que originalmente tinha mais de 8 mil hectares de floresta amazônica nativa.
O projeto da compra do terreno aconteceu devido à situação de desmatamento da Amazônia que, já no final da década de 80, preocupava alguns dirigentes do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal.
Para que a União do Vegetal tivesse uma área de conservação na Amazônia que garantisse o cultivo das plantas usadas em seus rituais religiosos, Luiz Maciel da Costa (in memoriam) e Luiz Gonzaga Alves Filho iniciaram uma intensa mobilização no Acre e outros estados com o objetivo de buscar recurso para a compra.
Em viagem aos Estados Unidos, Luiz Maciel, acompanhado pela professora Nancy Mangabeira Unger, conseguiu os contatos que o levaram ao ecologista Jeffrey Bronfman. Bronfman, sensibilizado pela causa, concordou em doar os recursos necessários para a aquisição do Seringal por meio da organização norte-americana Aurora Foundation.
O apoio e entusiasmo do Mestre do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal, Raimundo Monteiro de Souza, hoje presidente de honra da Novo Encanto, foi decisivo para a concretização desse projeto, que culminou com a fundação da Associação Novo Encanto de Desenvolvimento Ecológico em 30 de janeiro de 1990.
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O Seringal
O Seringal Novo Encanto é uma área de floresta, cercada por nascentes, igarapés e cortada pelo rio Iquiri (afluente do Purus), em uma reserva ambiental de rica biodiversidade, permeada de árvores seculares e frondosas.
Anualmente, recebe expedições organizadas em conjunto com a UDV, as quais promovem o ecoturismo, a sensibilização e a educação ambiental para um vasto público de todos os estados brasileiros e do exterior.
Sua área é utilizada, também, como campo de estudos acadêmicos nos cursos voltados às áreas biológicas e ambientais realizados por alunos de universidades de Rio Branco, capital do estado do Acre. Estudos como esses identificaram 381 espécies de plantas e uma grande variedade de sistemas hídricos com um rio, doze igarapés e seis lagoas.
Regularização fundiária
Desde sua fundação, a Associação Novo Encanto de Desenvolvimento Ecológico trabalha pela regularização imobiliária do Seringal Novo Encanto e em sua estruturação, como forma de permitir não apenas a preservação da área, mas também a presença de associados que ali podem conhecer a floresta nativa e suas plantas sagradas.
As fronteiras do Seringal Novo Encanto já existiam antes mesmo da criação da Associação, e seus limites já tiveram importância até mesmo na definição dos contornos atuais do território brasileiro. Por sua história, questões territoriais antigas tiveram implicações no registro do imóvel.
A memória desse registro começa em 1901, ano em que a propriedade do Seringal Novo Encanto foi concedida pelo Governador do Amazonas ao primeiro dono do Seringal, Capitão Miguel Bezerra, com publicação do título no Diário Oficial do Estado.
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Desde seu surgimento, o imóvel mantém a mesma denominação e tamanho, estando no limite do município de Lábrea, na divisa entre o Amazonas e onde hoje se localiza o Acre. Vale lembrar que, em 1901, as terras do Acre eram disputadas entre o Brasil e a Bolívia, e, à vista disso, ainda não estavam de modo permanente dentro do território nacional.
Assim, o Seringal Novo Encanto era efetivamente fronteiriço à Bolívia. Apenas em 1903, com o Tratado de Petrópolis, celebrado pelo Barão de Rio Branco, o Acre foi definitivamente integrado ao Brasil
No entanto, mesmo após a criação do Território Federal do Acre no Brasil, o Seringal Novo Encanto continuou em uma região extrema. Afinal, a sede do Seringal está a aproximadamente 900 quilômetros da sede do município de Lábrea, cuja área é maior do que o Estado do Rio de Janeiro.
Por outro lado, a cidade de Rio Branco, localizada a 150 quilômetros do Seringal, mesmo em uma região isolada pela floresta amazônica e a cordilheira do Andes, teve um crescimento rápido devido ao ciclo da borracha, trazendo a presença de órgãos governamentais mais próximos ao Seringal Novo Encanto.
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Com o crescente desmatamento na região, a relevância desse trabalho de preservação ecológica torna-se ainda mais evidente, pois o Seringal Novo Encanto, com sua rica biodiversidade e belezas naturais, é uma grande porção florestal envolta por pastos abertos, assemelhando-se a um oásis no meio do deserto.
Se, no começo do século passado, o Seringal Novo Encanto era um limite do território brasileiro, atualmente, é uma fronteira de preservação da floresta e seus saberes, que, com cuidados e investimentos, inclusive em sua regularidade fundiária, poderá perpetuar em benefício dessa e das próximas gerações.
A modernização da descrição do imóvel em sua matrícula resguardará a área com maior precisão e confiabilidade, permitindo a implementação de projetos com constituição de uma Reserva Particular de Patrimônio Natural – RPPN, em parceria com o ICM-Bio. Além disso, certificações de reserva de carbono e investimentos de instituições privadas, por exemplo, dependiam desse nível de segurança jurídica, agora conquistado.
Desde a criação da Associação Novo Encanto de Desenvolvimento Ecológico, em 1990, diversos foram os seus dirigentes e colaboradores atuando na linha de frente desse trabalho de preservação do patrimônio natural e cultural do Seringal Novo Encanto, inclusive dentro das matas e junto à comunidade local, fazendo com que esse notável avanço na regularização fundiária fosse possível.
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