Reflexões ambientais através da arte
Histórias, sonhos, famílias e bens materiais que foram destruídos no rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), se transformam em arte com a exposição “Mariana”, do fotógrafo baiano Christian Cravo. Refletir sobre os impactos ambientais do pior acidente da mineração brasileira foi o objetivo da programação voltada para jovens, organizada pela Associação Novo Encanto (NE) na Caixa Cultural Salvador.
Nas ruínas dos lares, devastados em segundos pela onda de mais de 2,5 metros de lama e rejeitos de minério, Christian Cravo registrou, durante três dias, os vestígios das vidas varridas. A roupa no varal que não deu tempo de pegar, livros, bíblia e calçados enlameados, retratos cobertos pelo barro e casas destroçadas documentaram a dor do desastre, ao mesmo tempo em que relevam a beleza em meio à tragédia.
Os impactos ambientais por causa do rompimento da barragem são incalculáveis e, provavelmente, irreversíveis. A cobertura da lama impedirá o desenvolvimento de espécies vegetais, uma vez que deixou o solo da região infértil, e são diversos os danos aos ecossistemas do Rio Doce e marinho diante a toxicidade dos rejeitos.
Para a museóloga Dora Galas, que é monitora da Novo Encanto na região de Feira de Santana (BA), “o objetivo foi oferecer cultura com conteúdos que contribuem para o desenvolvimento dos integrantes da Novo Encanto enquanto cidadãos, com reflexões ambientais”. Ainda segundo ela, “a iniciativa possibilitou a presença de muitos jovens em espaços públicos de cultura. Após a visita, ocorreu um debate sobre a tragédia, sob o ponto de vista da arte, e dos impactos que ocorreram no desastre”.
A ação, que aconteceu no dia 29 de setembro, com os jovens de núcleos da NE da Bahia, também incluiu a visita à exposição “O Tempo dos Sonhos: Arte Aborígene Contemporânea da Austrália”, no mesmo local. A mostra internacional é inédita na América Latina e reúne obras originárias da Austrália com características próximas da cultura brasileira.
Os 35 participantes tiveram oportunidade de ver telas, esculturas e pinturas da arte indígena australiana produzidas por artistas daquele país. Para o produtor cultural Maurício Corso, um dos responsáveis pela atividade, “a exposição permitiu refletir e criar uma ‘ponte’ da origem da cultura australiana com a nossa cultura indígena”.
Ainda segundo Corso, a visita foi rica e bem proveitosa, uma vez que foi proporcionou um momento de reflexão e aprendizado para os jovens presentes.“Foi um trabalho cultural que trouxe conhecimento nas áreas de meio ambiente, ecologia e Novo Encanto, além de integração e fortalecimento das amizades”, acrescentou o produtor cultural.