Cerca de 150 pessoas reuniram-se às margens da Lagoa do Abaeté, cartão postal da cidade de Salvador, na Bahia, em volta de uma fogueira para ouvir a palestrante Raimunda Brito.
Herdeira de um conhecimento transmitido através de gerações de mulheres sobre as propriedades medicinais, terapêuticas e energéticas das plantas, dona Raimunda falou sobre os ‘Saberes Ancestrais para uma vida significativa’.
Realizada no dia 25 de maio de 2019, a 2ª Edição da Fogueira Ecológica foi promovida pelas Monitorias da Associação Novo Encanto de Desenvolvimento Ecológico do município de Camaçari. O encerramento contou com a música dos artistas Amadeu Alves e Joaquim Carvalho.
Com a proximidade do Dia Mundial do Meio Ambiente, o encontro fez parte da agenda em comemoração aos 30 anos da Associação Novo Encanto. Uma maneira de colocar em prática sua missão de ‘conservar a Natureza, da qual todos somos dependentes, mediante o desenvolvimento humano sustentado em bases ecológicas, com a valorização da Vida, a promoção da Paz e da Justiça Social’.
Na abertura da Fogueira Ecológica, a bióloga Aline Proença e o internacionalista e especialista em gestão empresarial Thiago Mota – integrantes da NE, falaram sobre a importância do resgate de um olhar mais cuidadoso para a natureza e de vivermos em equilíbrio com o que ela nos oferece, caminho para nos aproximarmos de nossa própria essência e ter mais saúde.
Força das folhas
“As folhas têm um trabalho muito forte na existência do homem, desde a Idade da Pedra e antes da escrita”, afirmou dona Raimunda Brito, que destacou o valor dos saberes ancestrais e nossa responsabilidade de guardá-los e passar adiante. Conhecimentos preciosos que foram transmitidos a ela por suas avós, bisavós e sua Tia Delzuita.
Além de explicar as propriedades das plantas, a palestrante trouxe uma amostra de cada uma. Dentre elas, destacou a “Vassourinha de Nossa Senhora, usada por Cosme e Damião em suas curas”, como explicou; a Alfazema, que traz a força da vida e tem utilidade para o útero e ovário, folhas de Pitanga, Erva Cidreira, Sabugueiro, Capim Santo, Camomila, Arruda, entre outras.
Raimunda explicou o momento ideal de colher as plantas para uso medicinal: durante a madrugada, início ou fim do dia, e falou também sobre a importância de ter confiança nas plantas para receber seus efeitos. Após a palestra, ela respondeu a perguntas e questionamentos feitos pelos participantes em uma roda de conversa mediada por Thiago Mota.
Os presentes trouxeram diversas dúvidas sobre o uso das plantas na prevenção e tratamento de doenças, além de propriedades nutritivas de plantas como a Orapronobis.
Ao ser perguntada sobre a origem de seu bom humor e alegria, Dona Raimunda respondeu que “a alegria vem de Deus e de não desejar mal a ninguém, pensar positivo. Benquerença no coração vem de não guardar mágoa. Jesus é a alegria dos homens”.
Música e Meio Ambiente
Após a rodada de perguntas, a Fogueira Ecológica teve um momento musical com a presença dos músicos Joaquim Carvalho e Amadeu Alves, que cantaram músicas regionais com letras que resgatam a cultura, os saberes da natureza e um pouco do estilo de vida da região da Lagoa do Abaeté, que guarda muita cultura popular.
Amadeu Alves, que também é diretor da Casa da Música e Monitor da Associação Novo Encanto, trouxe uma reflexão sobre a quantidade de farmácias na cidade, que vem aumentando dia a dia. “É uma responsabilidade de todos nós preservarmos os saberes ancestrais e o cuidado com a nossa saúde”.
No encerramento, Raimunda Brito trouxe uma bênção a pedido dos presentes e uma reflexão importante sobre o respeito à natureza, que considera o mais importante de todos os saberes: “Quem respeita a natureza, respeita a si e ao mundo”. Após felicitações pela apresentação, ela distribuiu ao público as plantas que foram usadas durante sua exposição.
Texto: Isis de Aragão