Hoje, 05 de junho, é comemorado o dia do Meio Ambiente e da Ecologia, data instituída pelas Nações Unidas que nos convida a promover uma reflexão sobre os desafios ambientais que a humanidade enfrenta. O povo do mundo inteiro está cada vez mais conectado e é seríssimo o momento que estamos vivendo, onde um vírus paralisou atividades humanas em todo o planeta, causando mortes e sofrimento.
Entretanto, a ecologia, assim como a espiritualidade, mostram que é preciso examinar a situação planetária dentro de um processo de evolução. Assim, trazemos aqui algumas tendências globais com o objetivo de mostrar que é preciso cuidado mas ainda é possível haver esperança para se continuar a levantar a bandeira de um mundo melhor e mais sustentável.
Até o final do século 21, a população mundial deverá atingir um pico de 8 a 9 bilhões de pessoas. Por outro lado, a taxa global de pobreza absoluta vem caindo de 84% da população em 1820, para 42% em 1981, e para 8,6% nos dias de hoje (1). Esse número ainda é expressivo, incluindo populações tradicionais e povos indígenas que encontram-se em graves situações de vulnerabilidade.
Mas ainda sim, proporcionalmente, podemos ver que vale a pena continuar a desenvolver redes de solidariedade, alternativas mais sustentáveis de geração de renda e melhores tecnologias para atender às demandas das gerações atuais, sem prejudicar o usufruto do bens naturais e o nosso honroso compromisso com as próximas gerações.
Mesmo com toda essa gente, utilizando cada vez mais recursos para viver melhor, uma recente pesquisa publicada na revista Nature mostrou, através de imagens de satélite, que a área florestal global vem se expandindo desde 1982, ao invés de diminuir (2). Entretanto, essa expansão não é regular por todo o planeta e a América do Sul é o continente mais afetado pelo desmatamento. No Brasil, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), estamos presenciando uma tendência de aumento nos desmatamentos ilegais e incêndios na Amazônia desde 2012 que, sem dúvida, devem ser combatidos para que possamos ter o uso inteligente e sustentável da biodiversidade.
Entretanto, mesmo os números de desmatamento de 2019 na ordem de 9.800 km2 (que representam uma aumento de 30% sobre o ano de 2018), ainda são menores do que a média de desmatamento anual de 16.000 km2 que aconteceu por mais de 20 anos entre 1990 e 2012 (3). Essa é um dado importante para sabermos que o trabalho continua, mas que os esforços de organizações ambientais como a Novo Encanto, e de todos aqueles que dedicaram e dedicam suas vidas à conservação, não foram em vão e que os resultados ainda são sentidos nos dias de hoje.
Na conservação, ainda é positiva a atitude global onde a maioria dos países assinou a Convenção da Biodiversidade da ONU em 2010 com o compromisso de colocar 17% da área terrestre e 10% de toda área marinha do planeta sob proteção ambiental até 2020. Em 2018, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, 15% da superfície terrestre e 7% da superfície marinha global já estavam sob alguma forma de proteção legal (4).
Ainda há muito a que se fazer, mas já se vê um esforço global de conservação da natureza sem precedentes, ainda mais considerando-se a adesão voluntária e o direito de soberania dos países.
Esses e outros avanços são decorrentes de muita luta por um mundo com mais paz e justiça, mais amor e solidariedade. A Novo Encanto e seus associados, ao longo desses 31 anos, também vêm contribuindo para tornar realidade um futuro melhor. Isso não significa que deva-se relaxar. Outras dificuldades graves se apresentam para que a humanidade possa vencer.
As consequências das mudanças climáticas e o declínio das populações de animais selvagens requerem ações efetivas, assim como a sobrepesca que está se revelando uma ameaça ainda maior para os oceanos do que a poluição por plástico descartado (5). Todo cuidado é pouco com esse líquido precioso que nos dá a vida, a água.
Em um plano maior, é perceptível o sentimento de pânico, vazio e depressão decorrente de uma visão materialista que quer se impor sobre a humanidade. Essa visão tem separado ciência de espiritualidade e retirado a Presença Divina da Criação, levando ao entendimento que o acaso é a origem da existência, que esse chão que pisamos e toda a vida são apenas um sequência aleatória de eventos.
Esse entendimento imperfeito e arrogante fez o homem retirar o Criador e se colocar como o centro da criação, daí o sentimento de solidão, de estar perdido e a falta de sentido na vida.
Em oposição a isso, a Novo Encanto promove uma visão espiritualizada onde o Criador está no centro da Criação, e onde a Terra foi criada desde o princípio para que os seres humanos possam viver o processo de evolução espiritual. Nesse sentido, a Novo Encanto vê a devastação que o homem ainda promove com o planeta e na relação com o próximo como uma consequência da pouca evolução espiritual coletiva que ainda vê “a Natureza como subalterna e a perceber a sua humanidade na razão direta de sua capacidade de dominar a Ela e aos outros homens.” (6)
É preciso reflorestar e esse reflorestamento deve começar com as pessoas. É preciso plantar uma semente do Amor Divino nos corações. É preciso cuidar do meio ambiente de dentro para fora. Primeiro do espírito, das emoções, do pensamento. Depois do corpo, o primeiro ecossistema. Continuando então com a família que precisa ser um ambiente nutrido de paz e harmonia.
Famílias equilibradas geram comunidades saudáveis, assim como ambientes naturais equilibrados geram biodiversidade e prosperidade. Uma comunidade assim gera um sentimento de união, de propósito, de esperança. Um sentimento de que existe um Superior a guiar a existência, a guiar a evolução, a guiar a vida no planeta.
O sentimento de gratidão e humildade perante a Natureza Divina que pode nutrir nossa fé em dias melhores que virão para nós e para toda a vida na Terra.
Thiago Beraldo
Presidente da Novo Encanto
Leonardo Pauperio
Vice-presidente da Novo Encanto
Homenagem da Associação Novo Encanto de Desenvolvimento Ecológico ao Dia Mundial do Meio Ambiente.
Referências:
(1) World Bank. 2020. Poverty and Shared Prosperity 2020: Reversals of Fortune. Washington, DC: World Bank. doi: 10.1596/978-1-4648-1602-4
(2) Xiao-Peng Song et al., “Global Land Change from 1982 to 2016” Nature 560, no. 1 (2018): 639.
(3) http://www.inpe.br/noticias/noticia.php?Cod_Noticia=5465
(4) UNEP-WCMC, IUCN and NGS (2018). Protected Planet Report 2018. UNEP-WCMC, IUCN and NGS: Cambridge UK; Gland, Switzerland; and Washington, D.C., USA.
(5) IPBES (2019): Summary for policymakers of the global assessment report on biodiversity and ecosystem services of the Intergovernmental Science-Policy Platform on Biodiversity and Ecosystem Services. S. Díaz, et al. IPBES secretariat, Bonn, Germany. 56 pages.
(6) Carta de Princípios da Novo Encanto.
Comments 1
Top de linha