Curso possibilitou aprendizado na prática a respeito de agricultura sintrópica com foco em revitalização de pomar
Em sintonia com a área “Biodiversidade”, que corresponde à letra B no Sistema ABC de diretrizes ambientais, a Associação Novo Encanto de Desenvolvimento Ecológico apoiou o curso de agrofloresta realizado nos dias 29 e 30 de julho, no Espaço Seiva Florestal, em Goiânia. Cerca de 20 pessoas se reuniram para aprender ou aperfeiçoar técnicas da agricultura sintrópica, com foco em podas e revitalização de pomar.
O curso, ministrado pelos facilitadores Ricardo Lopes e Pablo de Regino Araújo, abordou a preparação do solo, o plantio em sucessão vegetativa, o consórcio de espécies, a importância do manejo do sistema e poda. Muita poda. Mangueiras, pitangueiras e plantas cítricas receberam cortes que poderiam causar estranheza naqueles que não têm familiaridade com os princípios da sintropia.
Agroflorestor de Brasília, Ricardo Lopes explicou aos participantes a importância da prática para a revitalização do sistema. “Quando a planta recebe uma poda drástica, feita da forma correta, ela rebrota ainda com mais força”, afirmou.
Outro ponto importante da poda, na verdade um dos pilares da agricultura sintrópica, é fornecer biomassa para o sistema. Os galhos e folhas retirados são picotados e usados para a cobertura do solo. O objetivo é proteger o solo da ação do sol e da chuva, reter a umidade e gerar matéria orgânica por meio da decomposição. Assim, libera na terra nutrientes importantes para o crescimento das plantas na medida em que produz mais solo.
Para o psicólogo Rogério Lourenço, de 39 anos, as explicações do curso foram esclarecedoras. Ele conta que tinha uma noção mais tradicional de fazenda e quando iniciou o contato com a agrofloresta, no núcleo Rainha da Luz, em Bonfinópolis (GO), teve resistência à prática. “No momento em que eu pensei que a gente devia estar plantando mudas, vi as pessoas podando árvores e plantando bananeiras. Eu não concordava muito com aquilo, mas continuei participando dos trabalhos, fui entendendo melhor e quis fazer o curso para ter consciência do que eu estava fazendo.”
Diferente de Rogério Lourenço, que iniciou com a prática e buscou no curso a teoria, o analista de sistemas Rogério Oliveira, de 38 anos, viu nele a oportunidade de colocar a mão na massa. “Eu estava há 2 anos estudando o tema pelo You Tube. Aqui pude tirar muitas dúvidas. Superou minhas expectativas principalmente porque as pessoas estavam dispostas a compartilhar o conhecimento”, afirmou.
A oportunidade de troca de experiências foi justamente o que motivou o administrador Éric Thompson Lassman, de 30 anos, que mesmo trabalhando no Sítio Semente, referência em prática agroflorestal em Brasília, decidiu participar do evento em Goiânia. “Já fiz outros cursos e trabalho o tema. Acho importante propagar esse conhecimento e fazer com que ele chegue até outras pessoas.”
Aos sócios da NE que ainda não tiveram um contato com a agrofloresta, Éric faz um convite: “É muito bonito ver como a natureza funciona. Que a irmandade se aproxime mais desse trabalho e que esse movimento aconteça em todas as regiões”.
Organizador do evento e responsável pelo Espaço Seiva Florestal diz que o movimento de agrofloresta é uma forma de reconexão com o reino vegetal. “Nós estamos em um momento em que as pessoas sentem uma necessidade de algo mais. E muitas vezes, nesse tipo de curso, elas percebem que a ligação do ser humano com a natureza é necessária. Quando elas têm esse contato, percebem a inteligência da natureza e que podem aprender com ela, se sentem mais confortáveis em trabalhar com a agrofloresta”, avalia.
Para Ricardo Lopes, que também faz parte da equipe do Sítio Semente, em Brasília, e ministrou o curso pela segunda vez em Goiânia, a principal mensagem da agrofloresta é a da prosperidade. “Em tempos em que se fala tanto em escassez, é importante que as pessoas vejam a abundância que um sistema desses proporciona. Porque, na verdade, nós estamos em tempos de abundância. Mas isso depende do olhar. Depende em olharmos para a vida com esse olhar de prosperidade.”
Além da Novo Encanto, o curso de agrofloresta com foco em poda e revitalização de pomar no Espaço Seiva Florestal também teve o apoio da Movimento de Agroflorestores de Inclusão Sintrópica (MAIS), da Comissão de Produção Orgânica de Goiás (CPOrg-GO), da Associação Crie Florestas e da Agrosintropia Serviços Agrícolas.
Texto: Gabriela Lima, Assessora Regional de Comunicação da 8ª Região
Fotos: Nathália Machado