Em Belém, crianças e jovens na trilha das Plantas Medicinais

Luciana Granados Biodiversidade, Cultura, Florestas Deixar Comentário

Atividade educativa na área verde do núcleo da Novo Encanto em Belém estimula o conhecimento e encanta crianças e jovens na descoberta de nove plantas medicinais.

Quando as crianças e adolescentes, saíram de casa na manhã de sábado, dia 02 de junho, tinham um encontro marcado com a Samaúma. Elas estavam a caminho do núcleo da Novo Encanto em Belém, junto com seus pais para participarem da atividade que as monitorias da Novo Encanto, aliado a outros departamentos, organizaram em comemoração ao Dia do Meio Ambiente. Todas estavam na expectativa de fazer a trilha na floresta.

A trilha foi elaborada por Henrique Cattanio e César Souza, os mesmos que guiaram as crianças por todo o trajeto. Uma caminhada de aproximadamente trinta minutos passando por exemplares de todos as nove plantas medicinais. Em cada parada um pouco de informação e experiências com as plantas. Algumas das crianças provaram o leite amargo do Apuí e ouviram a explicação de como ele é usado para tratar fraturas nos ossos.

Mais adiante a casca grossa da Castanheira chama atenção delas pois não lembra em nada a textura lisa e saborosa da nossa Castanha-do-Pará, tão presente na alimentação do dia a dia.

– Eu já vi um ouriço cheio de castanhas! – Diz um dos adolescentes.

Seguindo a trilha, os monitores apresentaram o Pau-D´Arco e contaram das espécies com suas flores de cores variadas. A Imburana de Cheiro, que é bem rara nas bandas de Belém.

-Ainda bem que plantaram pra gente poder conhecer! – Disse uma das meninas

O extrato ou a semente da imburana servem para tratar quando o nariz está congestionado, explicou Liliana, monitora da Novo Encanto.

Chegando nos pés dos Mulateiros as crianças ficaram impressionadas ao verem as cascas lisas que caiam do tronco e foi inevitável que algumas delas dessem um abraço carinhoso na árvore para sentirem de perto como é lisinha e suave a “pele” do Mulateiro.

Para os mais pequeninos tudo era aventura. A imaginação fluía a mil só com as plantas e bichinhos que viam durante a trilha. Mas aventura mesmo foi o desafio de atravessar um trecho da trilha se equilibrando por cima de um tronco caído. Até os menores encararam, com o auxílio dos pais ou dos monitores, é claro!

Para os que gostam de perguntar, muitos assuntos à sombra da Massaranduba. A casca grossa e seu porte grandioso despertam o interesse de todos. Assim como a forma diferente do tronco da Carapanaúba.

– Vocês sabem o que significa Carapanaúba? – Perguntou Henrique. Ele mesmo explicou o significado indígena da palavra. Úba = Casa; Carapanã é o inseto; assim, Carapanaúba é “casa de carapanã”.

– Quando chove as covas do tronco da árvore se enchem de água formando um ambiente que os carapanãs adoram.

– Mas essas árvores servem pra tratar alguma doença? – Perguntou uma das crianças.

– Sim, o extrato ou o banho com as cascas servem pra tratar doenças de pele, coceiras, curubas… respondeu César, que explicou ainda:

– O chá da casca da Carapanaúba também é usado pra problema nos rins. Êita chá amargo esse!

Como todas as crianças já conhecem e gostam do aroma do incenso de Breuzinho foi encantador quando chegaram no pé desta árvore e puderam colher um pouco do breu que saia fresquinho do tronco. Tocar, amassar, sentir o grude no dedo, o aroma da resina, tudo era novidade e descoberta com as vivências na trilha.

Para Henrique, a atividade é fundamental para formar pessoas preocupadas em se conhecer, ligadas à importância de plantios e que valorizam o meio ambiente.

De volta ao núcleo, uma atividade lúdica esperava por eles para exercitar e fixar os conteúdos aprendidos. Uma dinâmica em forma de jogo educativo – Conhecendo os Nove Vegetais – com um tabuleiro desenhado no chão, composto de casas que apresentavam desafios e cartas com perguntas sobre as características e propriedades das plantas que as crianças conheceram durante a trilha. Distribuídas em duas equipes as tarefas permitiam a participação de todos, fosse para imitar bichos, identificar sementes e folhas ou responder perguntas como: Qual das nove plantas tem uma semente pequenina que fica no meio de uma pluma?

Segundo Fernanda Freitas, responsável pelo grupo de crianças e adolescentes, “ fazer essa parceria com NE é dar oportunidade às nossas crianças e jovens de vivenciar a natureza, cultivando o carinho, o cuidado e o zelo por ela. Tenho certeza que essa vivência é marcante na vida deles”.

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